Filósofa, antropóloga, professora, escritora, ativista do movimento negro e feminista precursora, Lélia Gonzalez foi uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX, com atuação decisiva na luta contra o racismo estrutural e na articulação das relações entre gênero e raça em nossa sociedade.

Na atualidade, Lélia Gonzalez é referência para diversos movimentos sociais, sobretudo antirracistas e feministas. Para as novas gerações, ela é vista como um ícone do feminismo negro brasileiro, sendo cada vez mais influente na América Latina e nos Estados Unidos, e recém-descoberta pelo feminismo europeu, especialmente o francês. Dessa produção renovada sobre o seu pensamento, três abordagens merecem destaque: a decolonial, a interseccional e a psicanalítica.

Sem querer ofuscar a ação e a reflexão de tantas mulheres negras que precederam Lélia Gonzalez ao longo de toda a história de luta e resistência deste país, é inegável o seu protagonismo no que hoje intitulamos feminismo negro. Seu pensamento e ação política nos guiaram para algo que muitas ativistas e feministas negras têm colocado no debate público contemporâneo: o lugar emancipatório da mulher negra.

Texto extraído da Introdução, de Flávia Rios e Márcia Lima, in Lélia Gonzalez (2020). Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos.

Para saber mais:

GONZALEZ, L. (1988). For an Afro-Latin-American Feminism. Feminist Archives. Online

RATTS, A.; RIOS, F. (2010). Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010. PDF

RIOS, F. (2021). Notes on the Essay “Racism and Sexism in Brazilian Culture". WSQ: Women's Studies Quarterly 49, 395-406, Online

Obras

1978. Qual o lugar da mulher negra na força de trabalho? Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj).

1979. Cultura, etnicidade e trabalho: efeitos linguísticos e políticos da exploração da mulher. In: Annual Meeting of the Latin American Studies Association. Pittsburgh, 5-7. Mimeografado.

1979. A juventude negra brasileira e a questão do desemprego. In: Annual Meeting of the African Heritage Studies Association. Pittsburgh, 26-29 abr.

1979. A mulher negra na sociedade brasileira. In: Spring Symposium the Political Economy of the Black World. Los Angeles.

1979. Racism and its Effects in Brazilian Society. In: Conferência Mundial das Mulheres sobre Direitos Humanos e Missão. Veneza, 24-30 jun.

1980. The Unified Black Movement. In: Symposium on Race and Class in Brazil: New Issues and Approaches. Center for Afro-American Studies, UCLA, Los Angeles, 28 fev./1 mar.

1982. GONZALEZ , L.; HASENBALG , C. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero.

1982. A mulher negra na sociedade brasileira: Uma abordagem político-econômica. In: LUIZ, Madel (Org.). Lugar da mulher: Estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro: Graal, pp. 87-106. (Coleção Tendências).

1983. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Movimentos sociais urbanos, minorias étnicas e outros estudos. Brasília: Anpocs, 1983. (Ciências Sociais Hoje, n. 2).

1983. Mulher negra e participação. In: III Congresso Internacional da Associação Latino-Americana de Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, 1-5 ago.

1984. The Black Woman’s Place in Brazilian Society. In: 1985 and Beyond: A National Conference. African American Political Caucus/Morgan State University, Baltimore, 9-12 ago.

1985. The Unified Black Movement: A New Stage in Black Political Mobilization. In: FONTAINE , Pierre- Michel (Org.). Race, Class, and Power in Brazil. Los Angeles: Universidade da Califórnia, Center for Afro-American Studies, pp. 120-34.

1985. The Black Woman Place in the Brazilian Society. Afrodiáspora, Rio de Janeiro, ano 3, n. 6-7, pp. 94-106, abr./dez.

1988. Por un feminismo afro-latino-americano. Isis Internacional — Mujeres por um desarollo alternativo, Santiago, v. 9, pp. 133-41, jun.

1988. Nanny: pilar da amefricanidade. Revista Humanidades, Brasília: Ed. UnB, ano IV , n. 17, pp. 23- 5.

1988. A socio-historic study of South American Christianity: the Brazilian case. In: First Pan- African Christian Churches Conference, International Theological Center. Atlanta, 17-23 jul.

1994. Lélia fala de Lélia. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 383-386. Online

2018. Lélia Gonzalez: Primavera para as rosas negras. São Paulo: UCPA.

2020. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, organizado por Flávia Rios e Márcia Lima.